Visando
inovar os olhares a respeito da cultura nacional, principalmente ao que se
refere à valorização da produção cultural nordestina, o Terceiro ano “A” trará
para o palco uma história completamente irônica e caricata da vida social no
Nordeste Brasileiro.
Escrita em 1960, pelo romancista e
dramaturgo paraibano Ariano Suassuna (1927), a obra “Farsa da Boa Preguiça” é
permeada de valores e personagens da cultura popular, considerada uma
referência exemplar do folclore nordestino, com tipos sempre um tanto
exagerados e altamente representativos, a peça é composta de três atos.
A história
narra às peripécias do poeta de cordel Joaquim Simão, personagem pobre,
“preguiçoso”, que só pensa em dormir. Envolvido matrimonialmente com Nevinha,
uma mulher religiosa e dedicada à família, o casal apesar das dificuldades é
exemplo de fidelidade. Já o casal mais
rico da cidade, os vizinhos Aderaldo Catacão e Clarabela, possuem um
relacionamento aberto e duvidoso. Aderaldo é apaixonado por Nevinha, e
Clarabela quer conquistar Joaquim Simão.
Durante a trama, Três demônios fazem de tudo
para que o pobre casal se renda à tentação e caia no pecado, enquanto dois
santos tentam intervir. A partir daí, nascem situações inusitadas, fazendo
deste enredo, uma das peças brasileiras mais divertidas.
“A
história do rico que virou pobre
que
ficou mais rico ainda
e
foi pro inferno viver ao lado do cão!
E
do pobre, do pobre que virou rico e ficou pobre de novo!
Foi-se
embora pelo sertão!”
Versos
de “Farsa da Boa Preguiça” Ariano Suassuna (2002)
Uma
característica marcante da obra de Suassuna ganha destaque no enredo, as
personagens são assemelhadas a xilogravuras vivas, em uma encenação que ganha
contornos de crítica social sem perder o humor e a agilidade. Deste modo, tanto
a cenografia, como os figurinos falam ao mesmo tempo de Nordeste, e da história
das manifestações populares brasileiras, desenvolvendo um espaço cênico
relativamente simples, de espírito real.
Nosso
intuito com a montagem de “Farsa da Boa Preguiça” é reverenciar Ariano Suassuna
e sua obra, mostrando que partindo da ingenuidade desenvolve-se a avareza e
safadeza de uma ideia ociosa, a preguiça!
Portanto,
estaremos ao longo dos próximos meses desenvolvendo todo um trabalho de
criatividade, adaptação e teatralização, visando alcançar êxito e
principalmente novos conhecimentos que nunca serão esquecidos.
O
resultado será um espetáculo que integra com fluidez a cultura regional à
linguagem cênica, sem perder de vista a dinâmica colorida da tradição popular e
as atrozes contradições da sociedade brasileira, uma verdadeira homenagem ao
modo criativo de ser brasileiro.